Foi com muita alegria que acolhi o convite da Procuradoria das Missões Claretianas para iniciar o Ano Europeu do Voluntariado colocando-me no caminho, tal como os Magos, deixando-me tocar pela realidade missionária santomense.
A chegada à ilha de São Tomé abre-nos o coração; as muitas cores que explodem da natureza, o cheiro a terra, a fruta, as flores, as gentes que aguardam o avião e as muitas crianças fazem da aterragem uma experiência única.
O acolhimento dos muitos rostos santomenses foi esplêndido e genuíno, como se cada um de nós fosse especial. Foi com um grande sorriso e em ritmo de dança que fomos várias vezes recebidos ao som do famoso cântico “... que bom que você veio; foi Jesus que te chamou, e você aceitou. Que bom que você veio!”
A partilha de experiências com os Leigos Claretianos, que são testemunho de vida junto de cada comunidade, e com a Juventude Claretiana, que se empenham numa sociedade mais responsável e fraterna, são exemplos de vidas autênticas baseadas na humildade e ajuda, que nos demonstram que é na simplicidade que Deus se revela.
A experiência da rádio foi bastante enriquecedora, especialmente por me fazer perceber que são muitos os meios de Evangelização que estão ao nosso alcance e podem ser utilizados em prol da formação pessoal, humana e religiosa das comunidades. Foi com grande surpresa e alegria que apreciei o trabalho do P. Miguel Gomes, dando a conhecer os valores do Evangelho.
As celebrações vividas são dos momentos que mais aprecio e que mais contribuem para o meu enriquecimento espiritual. A presença, a alegria da participação, a força e esperança de cada comunidade e a gratidão pelo dom da vida fazem-me reflectir profundamente no nosso dia-a-dia pessimista e pouco alegre. É nos momentos de oração e de cântico que estas comunidades se unem e partilham o louvor a Deus, apesar das dificuldades.
O contacto com as várias comunidades religiosas, com as quais tivemos a oportunidade de partilhar a experiência missionária, foi para mim muitíssimo importante. A forma como fomos acolhidos, o esforço, apesar das dificuldades e trabalhos, a longa partilha da tantas experiências missionárias, o testemunho das suas vidas dedicadas à missão e ao auxílio dos mais necessitados (crianças, idosos, doentes, nas roças, na cidade,...) e o esforço pela co-responsabilização das gentes locais para uma nova sociedade foram, para mim, um dos fortes incentivos a acolher a vontade de Deus e a força para me colocar no caminho.
Numa sociedade de rotinas e hábitos, a missão faz-me partir, sair da vida atarefada do quotidiano, parar, observar, sentir Deus no meu coração e encontrar Jesus em cada rosto. Agora regresso com o coração mais aberto ao mundo e disponível para transformar o meu viver.
Não posso terminar sem um profundo agradecimento a todos os benfeitores pelas várias ajudas disponibilizadas e a todas as comunidades que tão bem nos acolheram, com especial obrigado à Comunidade Claretiana de São Tomé e Príncipe, pelas longas partilhas das suas experiências missionárias e pelo testemunho que as suas vidas de missão me puderam transmitir.
Marta Gomes