Espiritualidade Cristã não é mais do que a maneira de viver e de experienciar o Cristianismo. É o encarnar na vida de cada um, a mensagem revelada em Cristo feito homem. Para mim, esta espiritualidade é representada quase na perfeição pelo interagir entre o Tu e o Eu. É a compreensão da existência do próximo como filho de Deus, e é através dessa relação com o próximo que percorremos o caminho para chegar a Deus. Não é uma relação de utilizar o outro para nos sentirmos melhores, e dessa forma parecermos melhores aos olhos de Deus. É mais do que isso. É viver a religião numa forma bipartida. Uma interacção bidimensional.
Por um lado o relacionamento com Deus, através da Oração e da relação connosco próprios, numa relação vertical. É o reconhecer Deus como Pai, sentindo-os amados incondicionalmente. Esta dimensão é a que nos envolve num relacionamento histórico com Deus e a sua Palavra na Bíblia. Não podemos ser Cristãos, sem reconhecermos a importancia do Pai, e sem relevarmos o nosso relacionamento com ele. Somos Cristãos ao assumirmos, como Jesus, o papel de Deus como Abba. Abba, é um termo aramaico pelo qual Jesus se referia a seu Pai, que nos revela uma grande intimidade. Coloca deus no nosso íntimo, assim como nos coloca no íntimo de Deus. É a referência oral a uma verdadeira relação de amor incondicional.
Numa perspectiva horizontal, Jesus mostra-nos a importância da relação com o próximo. Jesus mostra que para além do povo eleito de Israel, todos somos filhos de Deus, e dá assim uma importância de irmão a todos aqueles que cruzam a nossa vida. Somos Cristãos ao viver como irmãos. Somente com o relacionamento com o próximo podemos ter um relacionamento pleno com a Palavra e com Deus. Não pode existir um Cristão que não viva secularmente com os seus irmão. Essa é uma obrigatoriedade da Espiritualidade Cristã. Jesus tem na sua vida uma importância central o relacionamento com o próximo, é viver o “dar-se” em plenitude.
Assim a Espiritualidade Cristã passa pelo relacionar, com Deus e com o Próximo. É o complementar destas duas dimensões que nos torna Cristãos. No encontro pessoal comigo, retomei a reflexão da dualidade do Eu e do Tu. Quando Te reconheço como irmão passo a existir como Eu, e desta dinâmica de reconhecimento, passo a ser TEu, e só assim faz sentido o meu existir como Cristão.
Há viagens mais importantes que outras. Sempre que puderes, viaja até dentro de ti mesmo e encontra quem és e quem podes vir a ser.
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