Se os milhões de mulheres que percorrem longas distâncias acartando água tivessemuma torneira à porta de casa, várias sociedades poderiam mudar.Nas partes desenvolvidas do mundo, as pessoas abrem uma torneira e dela corre água limpa. No entanto, 900 milhões de pessoas no mundo não têm acesso à água limpa, e 2,5 biliões carecem de um meio seguro de descartar os dejetos humanos.Mulheres gabras do norte do Quênia gastam até cinco horas diárias carregando pesados galões cheios de água barrenta. Uma seca duradoura levou essa já árida região a uma crise de abastecimento.
Aylito Binayo conhece a montanha. Mesmo às quatro horas da manhã, Aylito consegue descer até ao rio correndo sobre as rochas, apenas com a luz das estrelas a iluminá-la. Depois, volta a subir a montanha até à sua aldeia, carregando às costas 23 litros de água. Aos 25 anos de idade, ela repete este trajecto três ou quatro vezes por dia quase desde que nasceu. Todas as mulheres da aldeia de Foro, no distrito de Konso, na Etiópia, o fazem. Aylito abandonou os estudos aos oito anos, em parte porque foi preciso ajudar a mãe a recolher água do rio Toiro. A água suja que transporta não é potável. A seca continua a prolongar-se todos os anos, e o rio, em tempos pujante, está cada vez mais esgotado. Mas é a única água que Foro teve até hoje.
Por Tina Rosenberg
Foto de Lynn Johnson
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