Estar fora do país ( não como emigrante, mas
sim como missionário) ajuda a ver melhor o contexto social português, sobretudo
se houver – como é o meu caso - um acompanhamento intenso, pelo TV e pela
Internet. Toda a gente em Portugal sabe e SENTE que Portugal está de TANGA. Mas,
quer em Portugal quer na Europa ( que criou e que vive as mesma crises ) há um pecado social
que escandaliza, mas que, INFELIZMENTE, não provoca alterações… o FUTEBOL.
Ainda hoje, num canal português pude ouvir que
o Real Madrid, na sua deslocação ao Galatasaray, por cada pessoa ( era esse o
preço dos quartos desse hotel ), para pernoitar, pagou 600 euros por noite…
Enquanto que, ao lado do mesmo estádio ( sobretudo
Porto, Benfica e Sporting, em Portugal ) há muita gente a morrer de fome e
milhares de desempregados, nas secretarias desses e de outros clubes ( não
vale apena falar do estrangeiro )
cada jogador custa dezenas de milhões de euros. Só no ano passado, o Sporting
renovou quase toda a equipa.
Incompreensível é que os clubes continuem a
contar com a presença massiva dos adeptos, nos Estádios, um das suas receitas
mais chorudas. Muitos desses adeptos não estarão desempregados?
É já proverbial – mas que, pelo que se ouve e
lê, parece ser verdade – que, nos anos ’60, Salazar “cultivava” o Benfica para
que o povo esquecesse as carestias. Hoje é pior ( e não vejo culpas de Passos
Coelho no assunto ).
A nível dos vários países europeus, não poderia
haver uma intervenção dos Governos autóctones? As pensões dos desgraçados dos
reformados apanham com doses massivas de impostos… E os ordenados dos jogadores
-que multiplicam, talvez por 100 ou 200, essas verbas – são facturados com a
mesma regra e com as mesmas consequências?
A União Europeia não poderia intervir junto da
UEFA para estabelecer um diálogo que metesse a injustiça onde ela campeia?
Afinal o Senhores Feudais da Idade Média – os reis das injustiças de então -
são hoje os clubes de futebol.
Vamos lá a ver se políticos e directores de
clubes, como as respectivas Associações, nacionais e internacionais, ganham um
pouco de pudor e consideram os espectadores parte do mundo em que vivem e se
exibem.
Álvaro Teixeira, CMF
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