quinta-feira, 11 de abril de 2013

"O futebol e a Crise", o pecado da excepção - visto do sul de Angola


Estar fora do país ( não como emigrante, mas sim como missionário) ajuda a ver melhor o contexto social português, sobretudo se houver – como é o meu caso - um acompanhamento intenso, pelo TV e pela Internet. Toda a gente em Portugal sabe e SENTE que Portugal está de TANGA. Mas, quer em Portugal quer na Europa ( que criou e que vive  as mesma crises ) há um pecado social que escandaliza, mas que, INFELIZMENTE, não provoca alterações… o FUTEBOL.
Ainda hoje, num canal português pude ouvir que o Real Madrid, na sua deslocação ao Galatasaray, por cada pessoa ( era esse o preço dos quartos desse hotel ), para pernoitar, pagou 600 euros por noite…
Enquanto que, ao lado do mesmo estádio ( sobretudo Porto, Benfica e Sporting, em Portugal ) há muita gente a morrer de fome e milhares de desempregados, nas secretarias desses e de outros clubes ( não vale  apena falar do estrangeiro ) cada jogador custa dezenas de milhões de euros. Só no ano passado, o Sporting renovou quase toda a equipa.
Incompreensível é que os clubes continuem a contar com a presença massiva dos adeptos, nos Estádios, um das suas receitas mais chorudas. Muitos desses adeptos não estarão desempregados?
É já proverbial – mas que, pelo que se ouve e lê, parece ser verdade – que, nos anos ’60, Salazar “cultivava” o Benfica para que o povo esquecesse as carestias. Hoje é pior ( e não vejo culpas de Passos Coelho no assunto ).
A nível dos vários países europeus, não poderia haver uma intervenção dos Governos autóctones? As pensões dos desgraçados dos reformados apanham com doses massivas de impostos… E os ordenados dos jogadores -que multiplicam, talvez por 100 ou 200, essas verbas – são facturados com a mesma regra e com as mesmas consequências?
A União Europeia não poderia intervir junto da UEFA para estabelecer um diálogo que metesse a injustiça onde ela campeia? Afinal o Senhores Feudais da Idade Média – os reis das injustiças de então - são hoje os clubes de futebol.
Vamos lá a ver se políticos e directores de clubes, como as respectivas Associações, nacionais e internacionais, ganham um pouco de pudor e consideram os espectadores parte do mundo em que vivem e se exibem.

Álvaro Teixeira, CMF

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